quinta-feira, 16 de março de 2017

FATOS QUE MEXERAM COM OS NERVOS DA POLÍTICA, DEPOIMENTO-COMÍCIO DO LULA E A LISTA DE JANOT - POR LUIZ SAUL




Acossado pelo efeito colateral dos seus erros, mas renitentemente presunçoso e desdenhoso da condição de réu em processo que apura a prática de obstrução da justiça na suposta compra do silêncio do delator Nestor Ceveró, o Lula empenhou-se em transformar o seu depoimento em comício e rito de autocomiseração de quem se afirma perseguido pela imprensa, pelo juiz, pelo Exército Islâmico e até pelo Durango Kid. 

A tradução da postura compõe-se na construção de narrativa profilática para emergir como mártir nacional, acaso seja preso e impedido de concorrer em 2018. Pra sua sorte foi ouvido por magistrado complacente que transigiu para ouvir os queixumes estratégicos que só energiza os seus sectários. No próximo 3 de maio, no entanto, será ouvido pelo Juiz Sérgio Moro, um notável repressor de oportunismos verborrágicos já provados em audiências por alguns chicaneiros. 

Como não ostenta foro de exceção tem menos sorte do que outros delinquentes, os quais, enquanto investidos em mandatos, provavelmente verão os processos rastejarem na vagareza que caracterizou a Ação Penal 470, do mensalão, em condições de ensejar esquecimentos e/ou prescrições. Por isso, intenta criar um fato consumado para pressionar a Justiça e também para esconder o medo.

Bom, mas nos dias de hoje não é apenas o Lula que vive momentos aziagos, uma vez que a maioria dos inquilinos da Esplanada e do Palácio está à beira de ataques de nervos e até de AVC depois o Rodrigo Janot apresentou ao STF sua nova lista de pedidos de abertura 83 de inquéritos envolvendo praticamente toda a cúpula de ambos os lugares e pondo à prova o futuro do mandato do presidente herdeiro. 

Depois das incomuns prisões e dos insólitos indiciamentos de tantos devotos à impunidade, em Brasília e noutras unidades da Federação, uma razoável parcela da turma dos Caixa 1, 2 e de outros ilícitos, acaso não consiga parir uma anistia, estará mais preocupada em evitar a prisão do que garantir o mandato. Outros, porém, crentes nas calendas e confiantes no tardamento das sentenças (se houverem), já segredam as recandidaturas para a manutenção do foro, especialmente porque desprezam a capacidade de avaliar dos eleitores. E, olhando para a tradição, parece terem razão no desprezar.

Parece então mais importante para a sociedade a aposta nos muitos imponderáveis acaso oferecidos pelos tribunais, especialmente pelo STF, o qual, aliás, acaba de apresentar uma imprevisibilidade a respeito do Caixa 1. Enquanto os congressistas se apegavam à tese de que as doações do Caixa 2, ao representarem um delito de menor ofensa por se tratar de crime eleitoral não coligido no Código Penal, eis que a Corte pôs na mesa, em vez do destino, a origem dos recursos alimentadores do sistema. Vai daí que se os dinheiros de qualquer Caixa tiverem origem nas empreiteiras, babau! 

Entrementes, com os subterrâneos em ebulição, a proximidade das eleições sugere enormes dificuldades e até uma possível debandada da chamada base aliada quando o assunto for as reformas, principalmente a da Previdência, por causa do povão; e a da Política, por causa deles mesmo; quanto à tributária, esqueçam.

Hoje, um dia depois da iniciativa do Janot, a Câmara e o Senado fazem cara de paisagem, mas com o respectivo na mão.






Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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