quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

PORQUE OS ÚLTIMOS ANOS NÃO ACABARAM... POR LUIZ SAUL



Não parece apropriado falar de Feliz Ano Novo se, desde 2014 o ano não acaba. A coisa sempre paralisa nos dezembros, como já parou por aqui, com todo mundo cheio de versões e de razões, enquanto as notícias continuam explodindo para desapossar antigas e intocáveis reputações construídas à sombra de falsetas.


Faz-me rir, por exemplo, o governador Pimentel, das antigas e altaneiras Minas que faziam a dobradinha café com leite com São Paulo para dominar o país. Agora, a criatura, depois de dar curso à bancarrota estadual, ensaia exigir mais sensibilidade do Planalto no processo de renegociação da dívida, inclusive recusando aceitar as contrapartidas, como se abstraísse a sua responsabilidade pelo colapso. Até parece aquela coisa de, depois do sexo e da gravidez, gritar toma que o filho é teu. E não é! No máximo, é parente de 3° grau por causa da dilma e do PT.

Ele sugere não saber (mas sabe) que o Teto dos Gastos e o Ajuste Fiscal são univitelinos juntamente com os demais itens das reformas. Daí pensa que as aperturas e os aperreios só podem acontecer na Casa Grande Federal, nunca em suas terras estaduais. Essa falência de raciocínio somente se compreende a partir do pânico do governador que vê a aproximação de tantas investigações em sua direção, tanto da Lava Jato, quanto da Zelotes, como da Acrônimo. É de A a Z. 

Mas, se o ano não termina, o tempo continua correndo frouxo em Curitiba. Que o diga o Lulinha, filho do Lulão, que terá de explicar o milagre de a sua empresa, a Gamecorp, um empreendimento sem operações e sem estrutura definidas, sem um corpo funcional compatível com o volume dos aparentes negócios, haja recebido algo como R$103 milhões em faturamento, em valores ainda não corrigidos. A distância, parece um tanto de difícil que uma empresa tida como especializada em jogos e assemelhados suponha um aporte legalmente explicável de corporações habilitadas em telecomunicação. Foi o caso da Oi Móvel, ora em recuperação judicial, e da Telemar Internet. Ambas ingressaram com R$82 milhões, segundo o noticiário.

Será importante que os amigos do Lulinha e do Lulão ponham todos os pelos de molho porque as coisas estão se anuviando. Ainda agora, consta que o Jonas Suassuna, tido e havido como operador da dupla, estaria sendo multado pela Receita Federal em cerca de R$ 8 milhões por decorrência de irregularidades fiscais praticadas no quase distante ano de 2011. Ora, por experiência própria, sei que quando um cidadão cai na malha fina em um exercício fiscal a Receita revê as declarações dos os últimos 5 anos para a confirmação, ou não, das correções. Daí... 

Vai que o tempo não parou também para Giles Azevedo, ex todo poderoso auxiliar da Janete, com status de Ministro. Ao que se sabe, o Colegiado da Comissão de Valores Imobiliários (CVM) vetou o seu nome para compor o Conselho de Administração da Light. Significa que as coisas não funcionam mais ao atropelo de quando, por exemplo, a Janete presidia o Conselho de Administração da Petrobrás e decidiu pela compra de Pasadena, que ela negou depois, afirmando haver sido enganada pelos assessores. Não sustentava as calçolas que vestia. 

E, por fim, o tempo não haverá de parar para os evasores de divisas que puseram asas em cerca R$400 bilhões não declarados para voarem em direção aos cofres de paraísos fiscais. Dos tesouros entocados lá fora, já teriam sido repatriados (ou regularizados mediante recolhimentos fiscais) cerca de R$170 bilhões. Quanto ao restante, tem-se que, por pressões internacionais, os cidadãos independentemente da origem serão obrigados a justificar a origem dos seus dinheiros, mesmo em paraísos, sob pena de recusa dos depósitos, ou, o que pode ser pior, o confisco. Pode ser que, em algum futuro, os meliantes terão somente o colchão para guardar o produto de suas ações se não explicarem as origens dos mesmos.

Tudo isso explica porque os últimos anos não acabaram e dificilmente acabarão.



Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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