quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

É PRECISO TER FÉ, O MEU ACERTO DE CONTAS SERÁ NO ANO 18 - POR LUIZ SAUL



O jogo ainda não terminou, mas a crise, que era econômica, social e política, agora é institucional, principalmente entre as parcelas suspeitosas do Congresso e a fração de resistência do Judiciário e a do Ministério Público Federal sediados em Curitiba. O posicionamento da CCJ do Senado sobre a depauperação das 10 Medidas, pela Câmara, pode ser o tiro de misericórdia para a globalização da guerra. Por isso, o jogo ainda não terminou. 

Mas, os ânimos são assustadores, a começar pelo Renan Calheiros, que, na véspera do seu julgamento por falsidade ideológica e peculato, pelo STF, decidiu testar a própria força, propondo a discussão em regime de urgência o desmantelo das Medidas encaminhadas pela Câmara. Tudo isso no mesmo dia, sem discussão em plenário, sem consulta, sem avaliação dos pares, sem ritos, ainda que conspiratórios. Não combinou com os russos, e perdeu.

Acuado, o Presidente do Senado expôs o nervosismo e a arrogância desnecessariamente, até porque muitos avaliam que, pelo menos nesse julgamento, não deverá ser condenado para se transformar em réu e perder tantas prerrogativas. A não ser que a maioria dos Ministros, turbinada pelos acontecimentos, opte por um tipo de rigorismo jurídico capaz de explodir as pontes.

Acuada também, a força tarefa de Curitiba ameaçou a renúncia de todos os membros do Ministério Público às investigações em curso, de forma tal que restaria esvaziada a Operação Lava Jato, pelo menos na intensidade que a sociedade tem observado. Os procuradores enxergam que a eventualidade da implementação das cunhas introduzidas pela Câmara inauguraria período de profunda inibição de suas atuações, com risco para o patrimônio pessoal que passaria a responder por ações acaso interpostas por indiciados.

A perspectiva da instituição dessa insegurança jurídica absoluta não confere, no entanto, razoabilidade à intenção de desistência dos procuradores enquanto o jogo não for inteiramente jogado. A renúncia significaria rendição aos maus costumes e o abandono da correção justamente por aqueles que representam para a sociedade a única (talvez a última) possibilidade de retomada do país das mãos da malfeitoria. 
Mas, é preciso ter fé.

No outro vértice desse triângulo malcheiroso, acuado está e estará o Executivo na pessoa do Michel Rousseff (ex-Temer). Culto, prolixo, mas fraco, mantém-se em silêncio poltrão, porque, se abraçar a força tarefa, perderá o apoio dos congressistas suspeitos e/ou indiciados para conduzir as reformas; mas, se abraçar o Renan, o Maia, Wewerton et caterva, estará condenado ao caldeirão do diabo pela sociedade e só lhe restará, talvez, a cuidadora Marcela Querubim.

Não há de se atribuir à comoção nacional ou à calada da madrugada o empastelamento, pela Câmara, das 10 Medidas. A aprovação da proposta no âmbito da Comissão Especial fez parte do jogo de cartas marcadas com a certeza da desfiguração dos itens quando chegasse ao plenário. Portanto, nem foi a Chape, nem a madrugada. Foi a impudicícia, o corporativismo e o desprezo às suas excelências, os representados.

De minha parte, anotei cada deputado de Brasília, aonde tenho o domicílio eleitoral, que votou pela desfiguração das 10 Medidas. Meu acerto de contas será no ano 18. Quem quiser repita o procedimento. 

E, por fim, quem pariu Mateus que o embale.



Por: Luiz Saul Peteira
        Brasília - DF

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