TÔ COM MEDO DE TODAS AS FERVURAS, VALA ME DEUS! POR LUIZ SAUL

Há algum tempo, o Martinho da Vila gravou uma música que nos dias de hoje poderia se constituir no hino nacional do Brasil. Busquem no youtube a versão de “Quem Tá Com Deus Não Tem Medo” e confiram os seus medos. 

Tá feia a coisa e todo dia tem novidades, algumas hilárias outras nem tanto. 

Click na setinha ao centro da imagem e ouça com muita atenção, “Quem Tá Com Deus Não Tem Medo”  - Martinho da Vila.

Basta notar a estrela que parece noticiosamente ascendente do Ministro Herman Benjamim, do TSE, deixando entrever a avaliação que passa quase despercebida quanto à possibilidade, senão da extinção, mas pelo menos da cassação (o que dá no mesmo) dos registros do PT, talvez do PMDB e do PP à medida que avança o inquérito sobre a chapa dilma/Temer, uma vez que o compartilhamento das provas pode sensibilizar os partidos nos inquéritos contra os mesmos.

Aí então, quando a fervura do Cunha começava a baixar, a Jandirão tasca que a prisão não passa de uma cortina de fumaça para prender o Lula. A coisa é assim: a Operação Lava Jato é usada em qualquer sentido para justificar ou deslegitimar um argumento daquele pessoal. Ora é plataforma de perseguição política, ora cumpre as finalidades, segundo o alvo. É mais ou menos como a questão do PEC do Teto, tida em narrativa obscena e insincera como desmontadora da Educação, até o dia em que o MEC recebeu aporte de mais de R$1,2 milhão a serem distribuídos na sustentação do FIES e do ENEM, com a new oposição garantindo que o Governo era contra o aporte. Como pode?

Aí então, quando a fervura da Educação começava a baixar, a Polícia Federal está encanando 4 membros da polícia do Senado Federal, incluído o seu chefe, por tentativa embaraçar ações investigativas devidamente autorizadas pela Justiça a respeito de senadores e ex-senadores, mediante o uso de ferramentas de contraespionagem. Já não se sabe quem é o mocinho e quem é o bandido, especialmente considerando que, segundo os boatos, dois dos alvos seriam Fernando Collor e José Sarney. Não são de hoje as desavenças dessa polícia corporativa que internamente se sente acima do mal e especialmente do bem em relação a outras corporações de fora do Congresso. Fora de lá, são bichanos...

De qualquer forma, resulta que depois que a PF desfechou a Operação Métis – homenagem à deusa grega da prudência e proteção, com a capacidade de antever acontecimentos – o grupo esses 4 policiais corporativos que já se encontram suspensos das atividades respectivas responderão por associação criminosa armada, corrupção privilegiada e embaraço à investigação de infração penal. Somadas, as penas podem chegar a 14 anos e seis meses de prisão, além de multa.

Aí então, quando todas as fervuras pareciam se acalmar, eis que volta o frêmito através de especulação de que o Cunha estaria contratando banca de advogados mais ou menos especializada no acompanhamento de delações premiadas. Dispensável dizer que o significado dessa eventual contratação, se for direcionada para uma delação, e se o aparato investigativo optar pelo acolhimento, a República poderá estar a caminho de esvaziamento de suas principais chamadas “lideranças”, a um tempo concedendo à sociedade o direito ao refazimento do comando mediante nova concepção. A questão seria encontrar puros. Por enquanto, o que se especula é que o ex-deputado, primeiro recursará contra a prisão. Mas, depois sucumbirá à delação, tocando terror nos “amigos” e nos inimigos.

Pois é, distinta plateia, sugiro que ouçam a música e entendam a letra do Martinho da Vila.

Eu, por exemplo, tô cum medo de todas as fervuras!

Por: Luiz Saul Pereira

        Brasília -  DF