segunda-feira, 18 de julho de 2016

O OCASO NÃO CONSTITUI UM ACASO, EDUARDO CUNHA... POR LUIZ SAUL



O ocaso do Eduardo Cunha não constitui um acaso. O curioso que revisitar a sua trajetória perceberá que o curso da sua carreira teve sempre em equilíbrio o alicerce da construção e o risco desconstrução. As relações político-pessoais do Cunha sempre revelaram transitoriedade complexa que passaram temerariamente por Collor de Mello e PC Farias, migrando para Anthony Garotinho, cada qual funcionando com abertura de portas segundo as circunstâncias. 


Mas, não há de se lhe negar a superior inteligência estratégica que o fez recusar integrar a equipe do Collor, o Breve, e da Zélia, a doida, para ficar em posto de observação esperando outras e mais auspiciosas oportunidades, que afinal vieram para tornar a sua caminhada quase longeva e especialmente corrupta, como se tem demonstrado. Mas, antes disso, para a sua sorte, calhou encontrar um adversário em queda (o Lula), e uma inimiga inepta (a dilma), com os quais quase edificou a própria lenda. 

É bastante razoável pensar nos dias de hoje que sucumbiu ao excesso de confiança e de ambição, assim como à certeza da impunidade que durante tanto tempo funcionou, no Brasil, como proteção diplomada dos “nossos” políticos. Certamente por isso está de braços dados com a dilma, com o Lula e com boa parte do PT – só para citar alguns – nas escadarias do cadafalso, sem qualquer possibilidade de indulto.



Aliás, falando na sua sócia também candidata ao desterro, consta por aí que em distúrbios mentais de retorno ao Planalto a dilma tem assegurado que manterá a atual equipe econômica. Não fosse a impossibilidade objetiva que as circunstâncias sugerem para a hipótese desse retorno, o simples pensamento dessa manutenção expõe a profunda falha de estratégia da ex-presidente, especialmente no início do seu segundo mandato, quando a vaca macroeconômica e política nacional já se encontrava no limiar do brejo. 


Naquela ocasião (e antes também), o Lula, já com a percepção inconfessa do erro da escolha da dilma para a continuidade do projeto do Reich petista, acenava para a cria a opção de Henrique Meireles para o comando do arcabouço fiscal da nação. Até que poderia ser outro economista com o mesmo perfil, como por exemplo, Armínio Fraga, candidato natural para a hipótese Aécio. 



Acontece que a carrancuda e arrogante mulher, sentindo-se enganosamente sábia e também economista, sempre bateu o seu pezão gordalhão, afirmando que não gostava nem confiava no Meireles. Por isso, preferiu dividir o bolo entre o cumpanhero Nelson Barbosa, no Planejamento, e o Joaquim Levy, este, um renovado e competente quadro da iniciativa privada que foi tragado pelo sistema.


Resulta que o Interino, compreendendo a gravidade da cena em que a mulher não acreditou, ungiu justamente a indicação do Lula para iniciar com carta relativamente branca e mão relativamente de ferro o movimento de recuperação fiscal e especialmente da credibilidade/confiabilidade nacionais. 



É claro que não passa despercebido aos observadores a alentada ambição do Henrique Meireles de concentrar todo o poder em suas mãos agora e depois, quem sabe como presidente, czar, talvez deus, o deus da redenção. Ora, considerando as condições maltrapilhas do tecido sócio-político do país, melhor ter um candidato a imperador do que, por exemplo, um langoroso Guido Mantega no comando fiscal. Por isso mesmo que o quase desaparecido Aécio Neves, na campanha, reservava aquele espaço a profissionais da mesma escola e com a igual força moral e profissional, como era o caso do Armínio Fraga. 


Abstraídas essas divagações que sempre assaltam o observador, o que importa mesmo neste momento é o rico convencimento de que o país está se livrando de uma só tacada da dilma e do Cunha, além daqueles outros menos votados ou mencionados, mas que igualmente não valem um dos antigos réis.


Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro leitor, seja educado em seu comentário. O Blog Opinião reserva-se o direito de não publicar comentários de conteúdo difamatório e ofensivo, como também os que contenham palavras de baixo calão. Solicitamos a gentileza de colocarem o nome e sobrenome mesmo quando escolherem a opção anônimo. Pedimos respeito pela opinião alheia, mesmo que não concordemos com tudo que se diz.
Agradecemos a sua participação!

NOSSOS LEITORES PELO MUNDO!