quarta-feira, 4 de maio de 2016

TOMARA QUE TERMINE MAIO... - POR LUIZ SAUL




Nesta ressaca do primeiro de maio, quando a ex-presidente praticou gestos da mais límpida demagogia travestida de bonança à sociedade, o balanço aponta para a desvalia das medidas anunciadas, e, mais que isso, para a irresponsabilidade continuada da gestão da coisa pública pela titular do Planalto.


Às vésperas do seu afastamento, e já consentindo em sua inexorabilidade, seria lícito esperar gesto ético de não aprofundar a precipitação ao abismo com a reiteração do populismo característico, como a ampliação das bolsas isso e aquilo, e mesmo com a remuneração do Imposto de Renda, até porque, no caso do IR a medida não reporá as perdas decorrentes do confisco realizado pela Receita Federal. Em preceitos de racionalidade e honestidade republicana, cumpriria à ex-presidente evitar a produção de novos comprometimentos ao erário, a fim de que o seu substituto pudesse avaliar o quadro.

A mulher determinou o reajuste das bolsas, apesar do alerta do Tesouro Nacional que enfatizou que “O Ministério da Fazenda entende que o espaço fiscal atual não permite a ampliação do Bolsa Família”. Mas, seguiu em frente na irresponsabilidade.

O pano de fundo em busca do aplauso só obteve êxito nos de sempre que, por credo, desespero ou hipnose coletiva, oferecem uma claque de ilusória aprovação ao que resta do governo que aí ainda está, como se a ovação nacional fosse. Por isso, depois da bonança, autorizou na surdina ou pelo menos sem alarde o aumento do IOF, de 0,38% para 1,1%, nas operações de aquisição de moeda estrangeiras por nós, os nativos.

Mas, ao tempo em que vai jogar para a torcida no Vale do Anhangabaú, naturalmente sem a companhia do Lula, que não é tão bobo para continuar em inútil exposição, a ex-presidente está ensaiando encaminhar ao Congresso uma PEC com a proposição de se antecipar as eleições majoritárias nacionais para outubro do ano em trânsito. Se, por um lado, a medida não encontraria amparo na Carta Magna e menos ainda nos congressistas, por outro, ficaria, no caso, a aceitação definitiva de que compreensivelmente a mulher sapiens estaria aceitando as culpas que se lhe imputam, e a certeza de que não adiantaria lutar por um retorno à cadeira que tanto desgastou e desmoralizou.

Talvez por esse fim de gestão que expõe a desorganização mental do Palácio e da sua teoricamente principal ocupante, o Governo segue recolhendo derrotas e reprovações, como se como comprova na medida da Suprema Corte que barrou a verba de míseros R$100 milhões propostos em medida provisória para uso em publicidade oficial, completamente fora do instituto que rege a divulgação de MP pelo Governo. Tudo isso, faltando uma semaninha para descer a rampa ou sair pela porta dos fundos. 

Apesar do esperneio irrefreado mas sem consistência e da fabricação dos costumeiros factoides de golpismo que vêm alimentando a ansiedade palaciana; apesar dos apelos vãos a que organismos internacionais se manifestem em desfavor da tendência do afastamento, a ex-presidente segue irreverente ao principal documento do país que é justamente a Carta Magna que jurou defender e respeitar.

Depois das manifestações marianas sem conteúdo, mas de cores provocativas, importa à sociedade atentar para o momento que se aproxima e que também não se afigura de recuperação instantânea. Atentar com olhares principalmente com olhares severos para a atuação do substituto, o qual pode ou não seguir a ortodoxia de se acumpliciar com as forças tradicionais que têm transformado o país no arrabalde do fracasso. 


Ele jura que não, mas já se sabe, por exemplo, que não conseguirá reduzir o número dos ministérios como propôs no primeiro momento, ante a necessidade de abrigar os aliados. E isso parece a mesma feição do agora. 
Tomara que termine o maio.





Por: Luiz Saul Pereira
        Brasilia - DF

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