terça-feira, 10 de maio de 2016

CARTA ABERTA AO SENADOR RONALDO CAIADO - POR EDNALDO BEZERRA



Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pela sua atitude enérgica diante da fala do senhor Adolfo Esquivel – o Nobel da paz, a meu ver, foi bastante infeliz ao se pronunciar sobre assuntos internos de nosso país. Mas, excetuando Vossa Excelência e pouquíssimos outros parlamentares, é triste ver os senadores de oposição reféns da retórica petista. Não sei por que Vossas Excelências continuam muito polidos com quem os trata sem o devido respeito. Vossas Excelências deveriam (e devem, doravante) exigir do Presidente da Comissão de Impeachment a proibição de se proferir, no Senado, a tese de golpe. Isso é um desrespeito, uma afronta dentro da própria casa de Vossas Excelências. Há que se respeitar as instituições e a democracia. Se uns dizem que há crimes de responsabilidade e outros, não; quem é que pode determinar a inocência da presidente e bradar que é golpe, sem que sequer tenha havido um julgamento de quem compete julgar? Aquele que quer convencer no grito, no autoritarismo, tem que ser freado. É aquela história: se não se pisar na cabeça da cobra, ela termina nos mordendo. Há que se impor limites, cortar o mal pela raiz.
 Vossas Excelências ainda não perceberam que têm mais de 80% de apoio do povo e que estão com todo o poder nas mãos? Por que agem na defensiva diante dos discursos petistas? Eles tentam limitar o processo, destruindo um pilar básico (o apurado na Lava Jato) e Vossas Excelências aceitam? Por que só se ater às pedaladas e aos decretos? Como descartar fatos praticamente de domínio público? Essa restrição imposta é uma vergonha! Imoral! Um tapa na cara do cidadão. O brasileiro de bem cansou de mentiras, não aguenta mais o “faz de conta”, e espera que Vossas Excelências apurem os crimes cometidos, e os exponham à sociedade e ao mundo (até porque isso acabará de vez com a tese de golpe). Como disse a professora Janaína Paschoal: “Tem crimes de sobra de responsabilidade e tem crimes de sobra comuns”. Portanto, não se deixem envolver na conversa da defesa, e não aceitem imposições, ampliem o leque da discussão, façam perguntas que a defesa não espera, interpele-a pelos crimes da Lava Jato; esta fala da professora Janaína, por exemplo, daria um ótimo debate: "Enquanto tem gente assinando carta contra [o juiz] Sergio Moro, eu tenho lido as sentenças dele. No caso da Odebrecht, as contas bancárias das quais partiram as propinas pagas no âmbito do petrolão estão em Angola. Nosso dinheiro foi sob sigilo para Angola, para empresas representadas pelo ex-presidente, indissociável da atual presidente. O marqueteiro [João Santana], que está preso, foi prestar serviço em Angola, e o dinheiro da propina veio de Angola", relatou Janaína. "Se a presidente não é alvo de inquérito deveria ser.”, disse a advogada.

É claro que sei que Vossas Excelências não se iludem nem um pouco com a retórica do Advogado Geral da União e dos parlamentares petistas, aliás, essa forçação de barra creio que só aumenta as suas objeções, mas... e o povo? Lembrem-se de que hoje em dia tudo vai parar na internet.

Outra coisa, que interpretação foi essa que deram ao parágrafo quarto, do artigo 86, da CF, a de que a reeleição serviria como uma espécie de anistia a supostos crimes cometidos no primeiro mandato? De onde foi que tiraram esse absurdo? O dispositivo citado diz: “O Presidente da Republica, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções”. Por acaso, em decorrência da reeleição, houve mudança de função? Ora, evidentemente que, em 1988, ainda não estava prevista a reeleição, porém, a lógica não deixa nenhuma dúvida de que o tempo a ser considerado seria todo aquele do exercício da função, pois se trata de uma mesma pessoa no cargo. Qual é, por exemplo, o período de abrangência de crimes cometidos pelo chefe do executivo nos países democráticos em que é permitida a reeleição? O que diz as suas constituições?

Enfim, não vou me alongar, teria somente a acrescentar que é decepcionante a retórica passiva da maioria dos Senadores de oposição. Vossas Excelências, por enquanto, no que tange à retórica, estão levando uma goleada dos Senadores governistas. Vossas Excelências estão parecendo aquele time que joga em casa, com 90% da torcida a seu favor, o estádio completamente lotado, e, no entanto, não ataca, joga na retranca. Lamentável! É duro de assistir. Está na hora de reagir.

Atenciosamente,

 
Por: Ednaldo Bezerra - Escritor

P.S.: Só mais uma coisa: aos que, com argumentos ilógicos, atentam contra a inteligência do ser humano, é preciso dizer (para que o povo também ouça) que quando um deputado, na votação da Câmara, disse “sim”, concordara com o relator de que foram cometidos crimes de responsabilidade por parte da Presidente da República (isto está implícito no voto, ou seja, o “sim” bastaria; todo mundo sabe disso!), portanto, os deputados poderiam dedicar o voto a quem eles quisessem.

2 comentários:

  1. Gostei do que colocou na sua matéria, Professor, Escritor Ednaldo Bezerra! Aí diz tudo o que o povo gostaria de saber e vamos falar com o conterrâneo Carlos Ferraz para enviar ao Jornal do Comércio, Diário de Pernambuco e a Folha de São Paulo para o Brasil todo ficar ciente e porque não dizer o mundo.
    Esse caiado, lembro bem, era ruralista e foi subindo...subindo e aí está. Vamos perguntar a ele o que sabe sobre o Banco Rural, há uns anos atrás....?
    Brasil, ame-o ou deixe-o!!

    ResponderExcluir
  2. Muito bom. Parabéns!!

    ResponderExcluir

Caro leitor, seja educado em seu comentário. O Blog Opinião reserva-se o direito de não publicar comentários de conteúdo difamatório e ofensivo, como também os que contenham palavras de baixo calão. Solicitamos a gentileza de colocarem o nome e sobrenome mesmo quando escolherem a opção anônimo. Pedimos respeito pela opinião alheia, mesmo que não concordemos com tudo que se diz.
Agradecemos a sua participação!

NOSSOS LEITORES PELO MUNDO!