quarta-feira, 12 de agosto de 2015

QUEM VAI AMARRAR O SINO NO GATO? - POR LUIZ SAUL


Na prática, podemos dar os trâmites por findos.
Basta notar que, dos 513 deputados da Câmara, 445 votaram para aprovar a vinculação dos salários da advocacia geral aos proventos dos ministros. Implica afirmar que o PT votou em massa contra a orientação do Governo, do que somente não resultará em gasto adicional de R$2 bilhões/ano porque será vetado, a exemplo do que ocorreu contra os aposentados. A clara debandada petista pode sugerir um descolamento pessoal de cada deputado, ou um protesto pela má gestão, ou até uma tentativa de fragilizar ainda mais o governo para a ressurreição do “volta Lula”, embora esta última hipótese se assemelhe impossível, ou, pelo menos remota. Os pensamentos do ex-presidente estão atualmente em Curitiba. Enfim, qualquer coisa que parta do raciocínio dos parlamentares em disparada não há de surpreender.
 
O enorme sinal da perda do crédito foi oferecido pelos presidentes das Federações das Indústrias (FIESP e FERJAN) as quais, sem qualquer menção ao nome da presidente, se associaram ao apelo do Michel Temer quando este pediu “alguém” para reunir o país. Ora, esse “alguém” é como ele se vê. Por isso, está borboleteando e abrindo espaços como um tipo de primeiro ministro ou presidente substituto. 
 
A rodada das pesquisas apontando o declínio, ao coincidir com o programa político de rádio/TV somente serviu para alimentar o panelaço, o qual, não tendo um efeito prático, estampou a insatisfação popular, expondo ainda mais a desventura e agrura do Planalto. Aliás, faltou o mínimo de inteligência e sobriedade para a revisão desse programa e adequá-lo aos acontecimentos da semana. 

Enquanto alguns elementos pregaram durante a semana um apelo de socorro (Mercadante), outros falaram em reunificação (Temer), o programa manteve a impavidez da ameaça, do ódio, e do desafio. O mais perfeito descasamento, ainda mais quando (pasmem!) recusa a existência de uma crise política e afirma que esse tipo de crise só instalaria se tentassem retirar a dilma. Parece coisa do Stédile, o supremo comandante do exército do Lula. É possível que o baderneiro mor tenha oferecido o seu pitaco para a construção do programa. 
 
Por outro lado, com a faca e o queijo na mão, e a baba da ira no canto da boca, o presidente da Câmara brinca de suspense determinando o arquivamento de alguns pedidos de impeachment. Naturalmente só faz isso porque conta com um razoável estoque desse tipo de requerimento, podendo aguardar a melhor avaliação do momento para retirar o pino da granada. Não bastasse isso, ainda se diverte limpando a pauta da avaliação das contas de governos passados, com o objetivo de deixar na agulha a reprovação da contabilidade da dilma, acaso o TCU sugira a produção de magias nas mesmas. Maldade pura do adversário. 
 
Consta que alguns ministros mais próximos da dilma – se é que ainda existem – estariam idealizando convencê-la à assunção dos seus erros ou pelo menos de alguns deles. Tem aí aquela questão de quem vai amarrar o sino no gato (para quem se lembra da fábula da assembleia dos ratos). Isso porque, como ela diz, tem condições de resistir a pressões e a injustiças. Isso me lembra a sua condição de aparente autismo ou do pensamento de dissimulado para dizer “não é comigo”, referindo-se ao panelaço e a todas as censuras de que é alvo. Vítima, não.
 
Os trâmites parecem mesmo findos, ou por um fraco fio.



 Por: Luiz Saul Pereira

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