A presidente Dilma Rousseff receberá até segunda-feira (31) uma proposta
concreta de seu núcleo político para o corte de pelo menos dez de seus
39 ministérios, como uma das respostas à crise que acomete seu governo.
A ideia é mostrar que o Palácio do Planalto "também vai cortar na
carne", como têm repetido diversos ministros, mas, até agora, o
redesenho final da Esplanada ainda não está sobre a mesa da presidente.
Auxiliares de Dilma acreditam que, necessariamente, haverá a
redução do número de secretarias -hoje o governo conta com 15
secretarias e órgãos vinculados à Presidência com status de ministério.
No cenário mais provável do corte, as secretarias de Portos e
Aviação Civil seriam integradas ao Ministério dos Transportes, que deve
ser assumido pelo ministro Eliseu Padilha, hoje à frente da Aviação
Civil.
O atual ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues (PR),
deve ser nomeado para uma pasta de menor importância orçamentária, que
ainda não está definida.
Ainda nesse desenho, a presidente manteria as secretarias de
Política para as Mulheres e de Igualdade Racial, que inicialmente eram
dadas como certas no corte. O gesto é uma demanda do PT, que insiste que
o governo deve fazer acenos à esquerda. Para os petistas, extinguir
esse tipo de pasta criaria desgaste com a militância e a cúpula do
partido.
Além disso, o Banco Central perderia o status de ministério, assim
como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), a CGU (Controladoria
Geral da União), a AGU (Advocacia Geral da União) e a SAE (Secretaria de
Assuntos Estratégicos).
Por fim, Dilma acabaria com a SRI (Secretaria de Relações
Institucionais) e integraria a Secretaria de Micro e Pequena Empresa ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O objetivo dessa proposta é preservar também a Secretaria de
Direitos Humanos, que, inicialmente, poderia ser alçada para o
Ministério da Justiça ou para a Secretaria-Geral da Presidência.
Apesar desse ser o mais plausível, Dilma tem ainda outros dois cenários que devem ser debatidos com os aliados.
Em todos eles, os desenhos mostram que os principais partidos que
dão sustentação ao governo não perderão tanto espaço quanto parece.
O PMDB, por exemplo, perderia em número de pastas, mas aumentaria a
qualidade, com a proposta de juntar Portos e Aviação Civil, ambas com o
partido e da cota do vice-presidente Michel Temer. E Padilha, que
ajudou o vice na articulação política até agora, sairia fortalecido com o
comando dos Transportes.
O problema dos peemedebistas seria o Ministério da Pesca, que desalojaria Helder Barbalho caso fosse incorporado à Agricultura.
Mesmo assim, o cálculo do governo é que em nenhum desses
ministérios há risco de rebelião mais forte dos aliados, o que poderia
ocasionar novas derrotas no Congresso ou até abrir mais espaços para um
processo de impeachment contra a presidente.
INTEGRAÇÃO - O ministro da Aviação Civil confirmou
nesta terça-feira (25) que as secretarias com status de ministérios são
as mais indicadas para serem cortadas e disse que ele próprio não vê
problema em entregar o cargo à navalha do governo.
"Sou um quadro do PMDB cumprindo uma missão. Vou ajudar inclusive,
se for o caso, cedendo o meu cargo para a reforma. As secretarias são as
que correm o maior risco de serem extintas, serem integradas a
ministérios", afirmou.
Agência Brasil
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