Embora não se possa descartar a encantadora ideia, não me parece que exista a tal carta renúncia preparada pela dilma, ainda mais depois de afirmar que suporta pressões. Da mesma forma, não parece razoável o outro boato de que o Lula poderia ser nomeado ministro-salvação do mandato. Neste caso, o assunto poderia até prosperar, não como salvação, mas como aquisição de foro para se esconder do juiz Sérgio Moro.
Bom, enquanto naquele meio tudo pode acontecer, o professor eméritode ciência política da UnB, David Fleischer, avalia junto ao New York Time que o Michel Temer está discretamente apertando o cerco em torno da presidente e se incluindo naturalmente como o substituto.
Mas, agora que se quebraram os pés de barro, talvez pudessem e também devessem as forças remanescentes do petismo original e histórico resgatar o partido e restabelecer as origens de ética, de seriedade e de compromisso. É importante compreender que esse partido lá na sua origem.
De tendência naturalmente socialista, aonde transitavam e conviviam algumas teorias de Marx e Lênin – sem prejuízo do antagônico, mas permanente flerte com o capitalismo – o partido cultivava a diferenciação ideológica de se assentar na defesa dos interesses dos trabalhadores organizados para o estabelecimento de um tipo de socialismo cândido e típico daqui. Era alguma coisa diferente do socialismo praticado em alguns países em que o Estado se assenhoreia do público e do privado, sem impedir o surgimento de classes. Basta notar que o Fidel Castro é um homem riquíssimo.
Por conta do aceno diferenciado, o partido logo conquistou boa parte da intelectualidade nacional, transformando-se assim, em um tipo de colcha de retalho razoavelmente organizada para um inusitado convívio de operários, cortadores de cana, artistas e intelectuais. Isso, em linhas curtas e gerais, era o PT da minha percepção e admiração. Por esse motivo critico os petistas e preservo do partido.
Em um raciocínio mais que simplista se poderia raciocinar que o maior pecado do partido foi ganhar as eleições, especialmente a da Presidência da República. Enquanto a legenda punha-se na oposição pregando especialmente a ética na política e constrangendo os adversários, seus filiados de aparência vestal posavam de inocentes carneiros. Mas, após a assentada no trono as capas foram devidamente substituídas e deu no que está dando. Melhor seria que continuassem competindo como nunca e perdendo como sempre, na medida em que se manteriam prestigiosamente como símbolo e lupa de fiscalização.
Por isso é tão importante separar o joio do trigo, ou objetivamente, o Petê dos petistas para salvar a boa ideia. Resta saber se existem ainda petistas daquela têmpera em número suficiente para o soerguimento. Conheço alguns aos quais respeito, mas duvido que topem a empreitada.
O PT pode ser salvo, os petistas, não.
Por: Luiz Saul Pereira
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