Aquilo que mais me chamou a atenção na sessão de sabatina promovida pela
Comissão de Constituição e Justiça do Senado foi o ocaso do Fernando
Collor de Mello que, tal qual um cruzado do tipo cavaleiro da
desesperança insistiu em fustigar o sabatinado Rodrigo Janot. Embora
contido em relação às desbocadas e desrespeitosas manifestações
anteriores na sua avaliação do Procurador, desta feita perdeu o ar
pretensamente professoral, limitando-se a caras e bocas de ironia e um
meio sorriso de deboche e de longínqua parecença com aquele estampado na placidez da Mona Lisa de Da Vinci.
Com 27 senadores votantes, alguns dos quais com suposto envolvimento nos processos conduzidos pelo sabatinado, o resultado da apuração apresentou uma acachapante aprovação de 26 a 1, como a indicar não somente a eleição, mas também a recusa à solidariedade pretendida pelo senador das Alagoas. Definitivamente a sobriedade não está entre as qualidades desse grande fraseador. Na sequência, o assunto foi levado a plenário aonde nova “goleada” aconteceu com a recondução aprovada por 59 dos 81 senadores.
Ponderando que aparentemente o Collor transformou a sua relação com o processo em uma questão pessoal contra o Procurador – a exemplo do que fizera com a Editora Abril – é bom que se acautele doravante, na perspectiva de o Janot aceitar a provocação e adotar o mesmo sentimento de revanchismo. De notar, porém, que a atitude beligerante foi neutralizada na sessão pela postura de serenidade do PGR ao longo da sessão. Embora sem torcer por qualquer das partes é bom ver a arrogância sendo suplantada.
Resta saber se o PGR ora reconduzido cumprirá a promessa de que os processos irão até onde a corrupção seguir, ao contrário do que aconteceu na Ação Penal 470 do mensalão, a qual em determinado ponto foi dada como cumprida na produção dos efeitos de punição e de pedagogia, deixando de fora alguns implicados que agora são alcançados pelo escândalo do petrocorrupção. Os próximos passos e atitudes do PGR no sentido de agilizar o encaminhamento das denúncias dos demais implicados certamente indicarão a sua disponibilidade de cumprir sua promessa. Mas, eu ainda lembro muito bem do dia em que esse elemento, com a faixa de presidente, confiscou a minha poupança e a dos demais brasileiros junto com aquela invenção chamada Zélia no Ministério da Fazenda.
Por falar em sobriedade, em serenidade, vale notar também a entrevista concedida na mesma data pelo Ministro da Fazenda Joaquim Levy, o qual dentre outras advertências e sugestão de que a crise será vencida, mandou um sintomático recado de que “as pessoas ainda não entenderam a extensão da crise e que suas fichas deveriam cair”. Pra quem seria o recado? Eu percebo muitos ouvidos moucos que seriam alvos da mensagem. Mas, por via das dúvidas o Joaquim deveria facilitar indicando os nomes dos portadores das fichas não caídas.
Por: Luiz Saul Pereira
Quem tem culpa no Cartório não pode abrir a boca, é melhor dizer; tenho que pagar pelo que fiz. Brasil ame-o ou deixe-o!!
ResponderExcluirEstou gostando da atitude desse cara o nosso país precisa de muitos cara com esse.bom dia.
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