sexta-feira, 17 de julho de 2015

" ACORDANDO O PAÍS COM O GOSTO DE HORTELÃ E FEL" - POR LUIZ SAUL



Está cada vez mais difícil organizar a visualização do painel do delito político do Brasil. Até lembra a música Cotidiano do ex-ativista político Chico Buarque de Holanda. Todo dia eles fazem tudo sempre igual, acordando o país com o gosto de hortelã e fel.


No caso do Fernando Collor, parece até que um dia é da caça e ou outro também. Negligenciando a missão das urnas, dedicou os mandatos a irrefletidos combates à parte da imprensa e aos últimos Procuradores Gerais da República, perdendo sempre, esse político estende agora as perdas a bens materiais, do tipo Porsche, Lamborghini e Ferrari. Até que seria simples, se fosse simples. Mas, pior que a perda material é o significado da expropriação espetaculosa dos bens pela Polícia Federal a mando do STF, com o desfazimento pelo menos temporário de um patrimônio extremamente significativo de um tipo de ostentação descombinada com as necessidades sociais e materiais do povo do seu Estado. 



É claro que não é proibido ser rico. Só causa alguma inveja... Nessas condições, os brinquedinhos automotivos logo serão recuperados ou substituídos. A questão que pega é o desperdício da missão e a forma da evolução do patrimônio, especialmente se o noticiário aponta para transferências financeiras suspeitas e para o uso intensivo e ostensivo de interferência em instituições do Estado em benefício de interesses alheios ao mandato. 


A decisão do STF abrangeu buscas e apreensões relativamente a outros atores da política, como, por exemplo, os também senadores Ciro Nogueira e Fernando Bezerra Coelho, além de Thiago Cedraz, filho do presidente do TCU, o que, em tese, descortina para os investigadores eventuais novas e inesperadas hipóteses. 


Concentrar uma avaliação crítica em Fernando Collor deve-se à trajetória emblemática do personagem que parece flertar permanentemente com o perigo da irregularidade comportamental na vida pública. Depois do seu afastamento da presidência da República, na forma dramática que se deu, o seu retorno à política, por si só inesperado, haveria de ter sido caracterizado pelo lema da recuperação do prestígio e da credibilidade esvaziados. Infelizmente não aconteceu.

Seguindo o roteiro natural e esperado, todos os envolvidos e todos os advogados dos mesmos apressaram-se em demonstrar “confiança na Justiça”, assim como negar qualquer possibilidade de culpas. Não faltam igualmente comentários apontando para abuso ou excesso de autoridade. Na mesma linha, e tomados pelo pânico da aproximação das investigações, outros políticos de bandeiras diversas estão se associando ao drama dos senadores ora envolvidos. No caso, pânico somente combina com culpa.

Pessoalmente não consigo imaginar que um órgão da estatura de austeridade e prudência do STF possa decretar aleivosamente os procedimentos de buscas e apreensões que estão sendo cumpridos. Trata-se apenas de uma etapa nova, mas normal da apuração do escândalo que finalmente começa a alcançar os políticos. 
Simples assim.


Por: Luiz Saul Pereira

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