quinta-feira, 16 de abril de 2015

TEM QUEM DISCORDE DISSO ... - POR LUIZ SAUL


As ações da repressão à criminalidade política no Brasil, mediante a detenção de personalidades antes consideradas intocáveis, e a apuração de irregularidades até então justificadas e/ou abafadas pelo poder do Poder, têm produzido uma corrente energizada de um tipo de euforia nacional extremamente enganosa.

É claro que a inauguração de uma época de possível punibilidade remove a descrença que por tanto tempo povoou a percepção do cidadão comum que, por incapacidade de mudar as coisas, transformou sempre as notícias de desmazelo público em piadas de humor quase negro. 


Por questões de natureza política e também pelo surgimento de magistrados inovadores do comportamento e intrépidos na natural e inerente preservação das leis, os seus deveres de ofício vêm restabelecendo gradativamente a confiança na sociedade e principalmente a perspectiva da exaustão do autoritarismo de governo há muito praticado, muitas vezes ao arrepio da ética e das normas legais.


Assim, é justificada e compreendida a vibração que verte do antes quase ignorado populacho quando medidas de proteção ao patrimônio público são adotadas com força e legalidade, inclusive com a retirada de circulação de indivíduos nocivos, independente da sua condição econômica, social ou política. Essa talvez represente a maior das inovações do comportamento, na medida em que rompe parâmetros oriundos ainda do já distante colonialismo e do recente coronelismo. Estamos, pois, na era do justicialismo.

Contraditoriamente, não haveria que se comemorar práticas que são naturalmente exigíveis de todo o cidadão em qualquer posição que ocupe. É assim que funciona na maioria dos países civilizados, cujas populações, com as exceções que são praxe, guarda a medida exata da sua importância no contexto do desenvolvimento nacional, com o compromisso da contribuição pessoal à família, a si próprio e a nação.

O que se vive no Brasil, na verdade, é um enorme constrangimento pelo que uma parte da chamada nata política vem repetidamente produzindo de irregularidades, crimes e toda a espécie de anomalia comportamental ao longo de muitos anos, mediante a usurpação do bem estar da sociedade. Essa parte dessa chamada nata tem usado o Estado a seu serviço, e principalmente para o atendimento de interesses pessoais e escusos desde o nível municipal até o internacional.

Não é sem motivo que órgãos internacionais como o FMI, a ONU e congêneres sugerem que a recuperação do Brasil transita em primeiríssimo lugar pelo combate a corrupção. Significa, pois, que todo o concerto das nações percebe o tipinho de povo que somos, ainda que representado por uma parcela menor dos habitantes daqui. 

Podemos até comemorar, mas, por enquanto, há pouco a comemorar.
Tem quem discorde disso.


Por: Luiz Saul Pereira

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