As ações da repressão à criminalidade política no Brasil, mediante a
detenção de personalidades antes consideradas intocáveis, e a apuração
de irregularidades até então justificadas e/ou abafadas pelo poder do
Poder, têm produzido uma corrente energizada de um tipo de euforia
nacional extremamente enganosa.
É claro que a inauguração de uma
época de possível punibilidade remove a descrença que por tanto tempo
povoou a percepção do cidadão comum que, por incapacidade de mudar as coisas, transformou sempre as notícias de desmazelo público em piadas de humor quase negro.
Por questões de natureza política e também pelo surgimento de
magistrados inovadores do comportamento e intrépidos na natural e
inerente preservação das leis, os seus deveres de ofício vêm
restabelecendo gradativamente a confiança na sociedade e principalmente a
perspectiva da exaustão do autoritarismo de governo há muito praticado,
muitas vezes ao arrepio da ética e das normas legais.
Assim, é
justificada e compreendida a vibração que verte do antes quase ignorado
populacho quando medidas de proteção ao patrimônio público são adotadas
com força e legalidade, inclusive com a retirada de circulação de
indivíduos nocivos, independente da sua condição econômica, social ou
política. Essa talvez represente a maior das inovações do comportamento,
na medida em que rompe parâmetros oriundos ainda do já distante
colonialismo e do recente coronelismo. Estamos, pois, na era do
justicialismo.
Contraditoriamente, não haveria que se comemorar
práticas que são naturalmente exigíveis de todo o cidadão em qualquer
posição que ocupe. É assim que funciona na maioria dos países
civilizados, cujas populações, com as exceções que são praxe, guarda a
medida exata da sua importância no contexto do desenvolvimento nacional,
com o compromisso da contribuição pessoal à família, a si próprio e a
nação.
O que se vive no Brasil, na verdade, é um enorme
constrangimento pelo que uma parte da chamada nata política vem
repetidamente produzindo de irregularidades, crimes e toda a espécie de
anomalia comportamental ao longo de muitos anos, mediante a usurpação do
bem estar da sociedade. Essa parte dessa chamada nata tem usado o
Estado a seu serviço, e principalmente para o atendimento de interesses
pessoais e escusos desde o nível municipal até o internacional.
Não é
sem motivo que órgãos internacionais como o FMI, a ONU e congêneres
sugerem que a recuperação do Brasil transita em primeiríssimo lugar pelo
combate a corrupção. Significa, pois, que todo o concerto das nações
percebe o tipinho de povo que somos, ainda que representado por uma
parcela menor dos habitantes daqui.
Podemos até comemorar, mas, por enquanto, há pouco a comemorar.
Tem quem discorde disso.
Por: Luiz Saul Pereira
Nada para comemorar, está é todo mundo lascado...
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