sábado, 24 de janeiro de 2015

FAFÁ DE BÉLEM TRARÁ PÁSSAROS DA CULTURA POPULAR DO PARÁ PARA O CARNAVAL DO RECIFE

“Haja plumas!”, diz Fafá de Belém, a cantora nascida no Pará, mas também muito pernambucana, sobre o Carnaval deste ano. Desde 1976, quando estreou no Recife em show no Teatro do Parque, foram inúmeras as vezes que veio, seja para apresentações, para a folia ou simplesmente para visitar os amigos. Porém, em 2015, a programação tem gostinho especial, pois marca o início das comemorações dos 40 anos de carreira da artista.
No que denomina Paranambuco, Fafá trará elementos do seu estado natal a pedido do percussionista Naná Vasconcelos, que comanda a abertura do Carnaval do Recife há 14 anos. A cantora chegou a pensar nos conhecidos carimbó e boi, entretanto, optou por outro elemento da cultura popular: os pássaros juninos.


“Nos quarteirões de várias cidades, se organizavam espetáculos de pássaros da Amazônia. Isso só tem lá”, conta. “E achei que tinha a ver com o nosso caboclinho. O nosso”, acrescenta, rindo do jeito que só ela faz. Fafá afirma que tem laços com Pernambuco do mesmo jeito que tem com Portugal e, mais ainda, com o Pará.
Isso estará no figurino de Fafá, elaborado por Valério Araújo, com primeiros croquis desenhados ainda em novembro do ano passado. A paraense frisa que, na cabeça, não virão penas, e sim formas criadas com garrafas PET. Nas cores, vão imperar branco, prata, amarelo e laranja.
“Eu acho que as pessoas querem um espetáculo. Carnaval é festa, é fantasia, é loucura”, diz. Serão sete malas entre roupas e adereços para a folia em Pernambuco.

O figurinista é, junto com Romero Britto, um dos homenageados da cantora no seu primeiro camarote no Galo da Madrugada, no Sábado de Zé Pereira (14), espaço que ficará na Avenida Guararapes, no Centro do Recife. “Os dois vieram de base popular muito simples e ganharam o mundo com a sua arte”, diz.
Da varanda do camarote, vestida também pelo artista, vai cantar com artistas que estarão nos trios elétricos. Este é o sexto ano da paraense no bloco. “Vou ser o Galo Real, a Galinha Imperial, o que vocês quiserem chamar”, brinca sobre a roupa.

A cantora mudou o repertório, com a ajuda de Sandro Haick, para a abertura do Carnaval do Recife, na noite do dia 13 de fevereiro. Junto com Naná e mais de 600 batuqueiros, Fafá interpretará Ave Maria, mas ainda não definiu que músicas serão cantadas. A paraense diz apenas que o Carnaval de Pernambuco é multicultural como o Brasil.
Em tom sarcástico, diz que o seu sucesso Vermelho não estará de fora, afirmação ironizando os boatos que circularam na internet de que a Prefeitura do Recife teria pedido que a música fosse retirada do setlist por causa do PT, partido de oposição ao do prefeito Geraldo Julio (PSB).

AGENDA - A cantora está na capital pernambucana para ensaio com Naná Vasconcelos nesta sexta-feira (23), na Rua da Moeda, no Bairro do Recife. No sábado (24), ela se apresenta na prévia Imprensa que Entra, no Cabanga Iate Clube, festa em que usará figurino da pernambucana Carol Falcão intitulado “A viúva da notícia”, em referência à liberdade de expressão.
Depois dos shows, Fafá volta para São Paulo, onde terá ensaios com a banda segunda, terça e quarta-feiras, deixando sua equipe no Recife para acertar os detalhes da abertura do Carnaval com Naná.
A volta ao Recife será no dia 8 de fevereiro, cinco dias antes do show no Marco Zero. Durante os dias de folia, Fafá pretende ir a Bezerros, no Agreste pernambuco, para conhecer os papangus, figuras mascaradas da cultura popular. Depois, ainda não sabe se vai a Fernando de Noronha ou fica na capital pernambucana com os amigos.

NOVO ÁLBUM - Fafá ficou famosa em 1975, com a música Filho da Bahia na novela Gabriela. No entanto, considera o primeiro passo da sua carreira no ano seguinte, quando lançou o primeiro álbum, Tamba Tajá. De qualquer forma, as comemorações já começam agora, no período que a paraense prevê como o melhor da sua vida. Para abril, a cantora já programa o lançamento de um novo álbum, sobre o qual adianta apenas ter a sonoridade do rádio.
Vai contar a história dessa mulher doida que também canta, que sou eu”, afirma. “Tenho 58 anos e tenho mais 50 pela frente. Cantando, uns 38, mas fazendo confusão, mais 50″, diz ainda a cantora que defende, ao completar 40 anos de carreira, ter parado de discutir com a vida.
Fonte: NE 10 PE  

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