A FALTA DE AMOR PELA SUA CIDADE LEVA AS PESSOAS A DESTRUIREM SUA PROPRIA IDENTIDADE -

Sabemos que o progresso quando chega a qualquer lugar, traz efeitos devastadores do ponto de vista sócio-cultural e turístico e exige das pessoas, lugares e comunidades, renúncias de bens materiais como forma de compensação pelos resultados que este progresso tem a oferecer.

Quando as autoridades constituídas juntamente com a sociedade afetada pelos efeitos deste progresso, se unem em torno de um só objetivo, deixando de lado o egoísmo e os interesses meramente eleitoreiros, e desenvolvem estudos que possam detectar previamente os efeitos e impactos negativos que este progresso possa vir a causar, os resultados obtidos serão satisfatórios e deixaram toda a sociedade satisfeita.

 Não foi o que aconteceu com a derrubada do irmão gêmeo do prédio onde fica localizada a Sociedade dos Artistas Triunfenses. A falta de ingerência da Administração Pública na época do fato, se omitindo em atuar de forma eficaz contra a derrubada deste Patrimônio Histórico e Cultural da nossa cidade, evitando que se mutilasse de forma irracional e irresponsável uma parte dessa obra de arte que muito nos enchiam de alegria e prazer em vê-los erguidos, e sobrevivendo ao abandono e todo tipo de depredações por mais de 100 anos, deve ser qualificada como sendo crime de negligência administrativa e permissividade dolosa de interesses escusos.

 
O pior dos insensíveis e cegos quando passam pela Rua do Fiado, logo sentem que ali foi palco de uma grande tragédia cometida contra um marco centenário que durante toda sua existência esteve presente na vida de todas as pessoas sensíveis e apaixonadas pela sua cidade.

Este marco histórico foi testemunha das batalhas e conquistas, que não só a nossa cidade, mas também toda sua sociedade conquistaram ao longo dos tempos. Ali residiram famílias honradas, como por exemplo, a Família Moreira, que criou todos os seus filhos, netos e bisnetos, e hoje vêm parte da sua vida mutilada por interesses meramente comerciais em detrimento dos interesses artísticos, cultuais e turísticos.

Não devemos culpar de forma objetiva apenas as pessoas que adquiriram a propriedade deste imóvel e o transformaram num imóvel sem vida, sem beleza, sem harmonia arquitetônica com os demais imóveis da famosa Rua do Fiado, a culpa maior é dos gestores públicos que permitiram, assistiram e concordaram passivamente com o destino e finalidade dada ao irmão gêmeo do nosso patrimônio que chora a sua mutilação.

Na minha opinião, a sociedade deveria se unir em torno de um só objetivo e fazer valer a sua vontade política, exigindo da câmara legislativa a criação de uma lei de diretrizes que proíba a prática dessas atrocidades praticadas contra o nosso patrimônio. Chega de ficar de braços cruzados presenciando os inimigos da nossa cidade destruírem o pouco que ainda resta do acervo artístico e cultural da nossa cidade

Recife, 03 de Abril de 2014

Marcos Antônio Florentino Lima